Você talvez nunca tenha tido uma experiência de quase morte, ainda assim seria capaz de descrever como deve ser o sentimento. Isso se deve às convenções sociais que foram criadas. Por exemplo, você já deve ter visto algum filme em que uma experiência quase-morte tenha sido narrada como “luz no fim do túnel”, certo? Ainda existem outras descrições, como quando alguém diz que viu a própria vida “passar diante dos próprios olhos”, certo? São muitas as formas de descrever esse sentimento e o português esta cheio delas.
No entanto, você é uma das pessoas que já se perguntou o que realmente são essas experiências? Do ponto de visto neurológico, já quis saber o que acontece durante esses momentos? Na realidade, esse é um interesse comum entre cientistas que analisam a atividade cerebral. Por isso, existem pesquisas sobre o assunto.
Como primeiro ponto para explicar esse tipo de episódio, a ciência revela que alguns traumas podem gerar experiências similares (do ponto de vista da atividade cerebral) ao que se vive durante uma experiência de quase morte. Convulsões, derrames e lesões cerebrais de todo tipo, podem induzir a esse tipo de experiência, causadas por uma anormalidade na área temporal medial e na junção temporoparietal. Algumas convulsões também podem desencadear atividade alterada no córtex insular anterior, o que ocasionalmente gera intensas sensações de êxtase e outros fenômenos associados à morte.
Além disso, mudanças nas oscilações das ondas cerebrais foram observadas em ratos tendo ataques cardíacos, sugerindo que a atividade cerebral pode se alterar radicalmente à medida que saímos do reino físico. No entanto, embora todas essas descobertas indiquem uma explicação neurológica para as “experiências de quase morte”, o enigma em torno desses encontros fantásticos ainda não foi resolvido.
Existem fatos relacionados a toda essa história e, um desses fatos é que, uma em cada 10 pessoas afirma já ter vivido uma sensação de quase morte. Pessoas que geralmente passaram por eventos traumáticos, como ser eletrocutada ou sofrer um acidente de trânsito, afirmam ter vivido uma experiência quase sobrenatural que as levou a mudar totalmente a sua perspectiva de mundo. Nessa área, ainda existem mais perguntas do que respostas sobre o que acontece com nosso cérebro.
O que se sabe é que, em muitos desses casos, o sono REM esta associado. Além disso, também são relatadas sensações semelhantes as adquiridas pelo uso de psicoativos. Nessa área, os cientistas descobriram que a cetamina é capaz de levar ao estágio semelhante ao que se vive em sensações de pós-morte, além de outras sensações, como a sensação de dissociação corporal.
Curiosamente, a capacidade da cetamina de bloquear os receptores NMDA no cérebro foi associada a reduções nos danos após derrames. Isso levou alguns cientistas a especular que certos produtos químicos semelhantes podem ser liberados pelo cérebro no momento da morte, na tentativa de se proteger e manter os neurônios vivos conforme os níveis de oxigênio caem. Embora não comprovada, uma teoria semelhante afirma que o composto psicodélico DMT poderia desempenhar a mesma função, e alguns pesquisadores especularam que o cérebro pode secretar essa molécula quando morremos. Ainda mais curioso, um estudo recente descobriu que a experiência produzida pelo DMT costuma ser muito semelhante a uma “experiência de quase morte”.