A Espanha esta perto de um passo que pode ser pioneiro em todo o ocidente. O país esta perto de reconhecer institucionalmente as particularidades que o organismo feminino enfrenta todo mês. A ideia tem chamado atenção no mundo inteiro, mas ainda não foi aprovada. Sendo oficializada, a medida vai permitir uma licença de 3 dias durante o período menstrual. Para mulheres que sofrem com cólicas intensas, essa medida pode ser uma garantia de segurança e conforto.
Mas a discussão não gira em torno apenas da menstruação, pelo contrário. A Espanha, assim como muitos outros países do mundo, tem mergulhado em discussões sobre direito das mulheres. Uma das medidas discutidas, por exemplo, propõe uma nova abordagem ao aborto, defendendo o direito amplo das mulheres em decidir sobre o assunto e ter apoio médico para isso.
Essa é uma discussão muito polêmica, que esbarra em questões de moralidade e religião. Para especialistas, o assunto é uma questão de saúde pública. No entanto, na prática, a questão sempre gera muito mais discussões do que se propõe. Para as mulheres espanholas, e residentes não espanholas no país, essa é uma discussão que pode gerar mudanças na vida cotidiana.
Mas apenas o ponto da proposta que fala sobre menstruação já é bastante sensível, e tem provocado discussões. De um lado, a proposta procura garantir o direito de licença médica para mulheres que sofrem de períodos menstruais de grande intensidade; do outro, há quem questione a ideia. Mas qual, de fato, é a proposta? Quem ajuda a entender a ideia é Angela Rodriguez, secretária de Estados da Espanha para a Igualdade.
“Quando o problema não pode ser resolvido clinicamente, acreditamos que é muito sensato que haja [o direito a] uma incapacidade temporária associada a esse fator. É importante esclarecer o que é uma menstruação dolorosa. Não estamos falando de um leve desconforto, mas de sintomas graves como diarreia, fortes dores de cabeça e febre”, explica.
Existe um grande número de mulheres que enfrenta, ocasionalmente, períodos menstruais extremamente dolorosos. Algumas mulheres chegam a ter períodos menstruais dolorosos em todos os meses. Na maior parte do mundo, esses períodos não são reconhecidos clinicamente como incapacitantes. No Brasil, por exemplo, uma mulher simplesmente não consegue um atestado por estar enfrentando um período menstrual doloroso, independente dos sintomas. Na Espanha, o cenário é parecido e é exatamente isto que o projeto procura mudar.
O delicado dessa equação é entender o que é uma menstruação dolorosa, uma vez que os sintomas de menstruação são extremamente amplos. Existem mulheres que enfrentam sintomas maiores no âmbito emocional, com oscilações de humor e podendo a experimentar dias de profunda depressão; existem outras mulheres que sofrem com cólicas incapacitantes, diarreia e dores gerais do abdômen aos pés. Para algumas mulheres, por outro lado, o desconforto pode estar na cabeça com fortes dores na região; outras podem sentir sintomas no estômago, chegando a ter dificuldade para se alimentar.
Ainda assim, o país pode estar no caminho certo. No mundo, alguns países já reconhecem os desafios clínicos que a menstruação e a tensão pré-menstrual podem gerar, como: Japão, Taiwan, Indonésia, Coreia do Sul e Zâmbia.