Várias descobertas já demonstraram que antigas comunidades humanas eram capazes de viver em ambientes verdadeiramente severos e hostis no passado. Agora, pesquisadores descobriram, na planície central da Rússia, um misterioso anel de ossos de mamute, datado do auge da última era glacial europeia, quando as temperaturas do inverno atingiam regularmente -20 graus Celsius.
O local onde essa estrutura antiga foi encontrada fica às margens do rio Don, a cerca de 500 quilômetros ao sul de Moscou – e é conhecido como Kostenki. A área tem uma longa história de escavação. Contudo, as primeiras descobertas realmente importantes são dos anos 50 e 60.
Graças à datação por carbono, um novo estudo revelou a descoberta do mais antigo círculo ósseo construído por humanos modernos na planície russa. Existem cerca de 70 dessas estruturas misteriosas espalhadas por toda a área.
Com mais de 20.000 anos de idade, essa região em particular teria começado a surgir à medida que a última era glacial atingia seu ponto mais frio. Segundo os estudiosos, a arqueologia está mostrando como os ancestrais humanos sobreviveram neste ambiente frio e hostil no ápice da última era glacial.
Obviamente, essas poucas comunidades não duraram muito tempo. Eventualmente, elas foram abandonadas pelos humanos primitivos, mas, ainda assim, foram importantes para a história da evolução.
O círculo ósseo contínuo mais antigo, que se estende por 12,5 metros de diâmetro, parece ser feito quase exclusivamente de ossos de mamute, juntamente com um punhado de ossos de renas, cavalos, ursos, lobos, raposas vermelhas e raposas do Ártico. Os arqueólogos identificaram um total de 51 maxilares inferiores e 64 crânios individuais de mamutes.
Na borda do círculo, três grandes fossas também foram reveladas, cheias de grandes ossos de mamute. Usando datação por carbono, a equipe de pesquisa confirmou que havia uma presença humana na planície russa durante um período em que latitudes semelhantes na Europa já estavam abandonadas.
“Apesar do frio, a ampla distribuição de carvão e ossos queimados em Kostenki indica a disponibilidade de combustível para madeira e o uso sustentado de queima de combustível misto (madeira e osso)”, escreveram os autores do estudo.
Crédito das fotos: Reprodução – Science Alert / Pryor et al., Antiquity, 2020.
A descoberta acrescenta peso à ideia de que as árvores coníferas sobreviveram ao longo do último ciclo glacial. A madeira para queima é um pré-requisito para muitos caçadores modernos em climas frios de alta latitude. A disponibilidade de árvores nesta parte do mundo é uma possível razão pela qual os seres humanos persistiram nessa área por mais tempo do que em outros locais da Europa.
Além da madeira queimada, a equipe também identificou várias plantas que poderiam ter sido usadas para venenos e remédios, além de mais de 50 pequenas sementes carbonizadas.
No passado, os arqueólogos assumiram que os círculos ósseos eram usado com habitações, mas esse novo local não parece ter sido um acampamento humano de longo prazo. “Uma possibilidade é que mamutes e humanos possam ter chegado à área em massa porque havia uma fonte natural que forneceria água descongelada durante o inverno – uma coisa rara neste período de frio extremo”, explicam os pesquisadores.
Crédito das fotos: Reprodução – Science Alert / Pryor et al., Antiquity, 2020.
Fonte: Science alert
Estudo científico: Cambridge – Antiquity
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