Desde que o ser humano alcançou tecnologia para explorar o espaço, incontáveis objetos já foram enviados para “lá”. Para os mais variados fins, o ser humano se tornou capaz de enviar objetos ao espaço e vem abusando dessa capacidade. Mas o que acontece com tudo isso conforme o tempo passa? Esta semana, a comunidade científica ganhou um enorme motivo para voltar a discutir esse assunto.
Acontece que um corpo espacial de origem humana, um foguete, se chocou contra a lua. Ao que tudo indica, o choque foi causado por um fragmento desgovernado de um foguete. Não existe ainda consenso sobre a origem do foguete, mas existe a suspeita de que se trate de um foguete de origem chinesa, que orbitava a lua há 7 anos.
Ainda é cedo para afirmações mais contundentes, mas tudo indica que esta seja uma parte descartada do foguete em questão, que estava há deriva desde o ano de 2015. Ao longo destes anos, no dia 4, esses fragmento enfim entrou em rota de colisão com a lua e o choque foi intenso suficiente para criar uma nova cratera no satélite natural. O choque aconteceu no lado “oculto” da lua, o que dificulta as análises, que vão levar mais tempo para trazerem respostas mais objetivas.
Mas o que isso significa na prática?
Em primeiro lugar, é a primeira vez que lixo espacial humano entra em rota de colisão com a lua. Isso, por si só, já gera uma série de preocupações e alertas. Afinal de contas, independente da origem, o espaço esta cheio deles. Se a colisão aconteceu uma vez, pode facilmente voltar a acontecer. Neste primeiro momento, os danos foram mínimos, mas este pode não ser o caso numa próxima vez.
Isso quer dizer que tudo que vai para o espaço pode acabar voltando. É verdade que este caso não foi tão grave, embora estima-se que a cratera aberta na lua seja de 20 metros de diâmetro. Mas, o que acontece se algo cai na terra? As chances não são tão grandes, é verdade, mas essa não a única preocupação. Atualmente, diversas iniciativas estão sendo levadas a frente sobre bases lunares. Imagine, neste caso, que algo caia na superfície da lua onde estejam astronautas?
Em segundo lugar, o caso traz repercussões amplas e muita polêmica. A cobrança agora é para que a exploração do espaço seja responsável. Nenhum outro ser vivo produz lixo, essa é uma característica humana. Somos responsáveis não apenas pelo lixo que tem se tornado um problema no planeta Terra, como também estamos nos tornando responsáveis pelo lixo que assola o espaço.
Em larga escala, que é o que estamos fazendo, esse é um problema de difícil solução e pouco interesse em ser solucionado. A discussão sobre o lixo, e agora também o lixo espacial, não é nova. A necessidade de encontrar soluções é urgente, mas esbarra na falta de interesse porque excesso de lixo é quase sinônimo da presença de lucro. Apesar disso, especialistas alertam que a discussão precisa deixar o campo das ideias e entrar no campo das ações o quanto antes.
fonte: nationalgeographicbrasil