Ciências

Pesquisa brasileira faz grande descoberta para anticoncepcional masculino

Anticoncepcionais são uma realidade há muitos anos, mas isso não significa que não existam largas críticas sobre o medicamento. A discussão é antiga. Quando o anticoncepcional foi disponibilizado para consumo, sua venda era apoiada no discurso de emancipação feminina. Afinal de contas, controlando quando engravida, a mulher teoricamente teria maior liberdade para tomar decisões acerca de outros aspectos da vida. É verdade, mas essa tese não durou por muito tempo.

Além das questões sociais que atravessam a vida das mulheres serem muito mais profundas do que apenas o controle de natalidade, a própria medicação se revelou perigosa. Anticoncepcionais, de forma geral, trabalham através da alteração hormonal da mulher e, dessa forma, é capaz de torna-la infértil durante o período em que esta sendo consumido. Alterando seus níveis hormonais, descobriu-se que a mulher acabava se colocando em um lugar delicado e se tornando mais sujeita a algumas complicações de saúde, que são efeitos colaterais do remédio.

Embora o avanço da ciência tenha trazido melhorias para essa área nas últimas décadas, é verdade também que o cenário ainda esta longe de ser ideal. Com isso, certos questionamentos acabam se tornando inevitáveis. Afinal de contas, porque o anticoncepcional foi pensado apenas para a mulher? Por que não existem anticoncepcionais masculinos? A grande questão colocada é a possibilidade de criar um anticoncepcional masculino que permita ao casal escolher como prefere agir e que da ao homem também a possibilidade de decidir.

Essa discussão é longa e a busca por um anticoncepcional masculino também. Agora, uma pesquisa  brasileira promete adicionar mais informações e, quem sabe, aproximar a ciência de uma solução para o problema. O estudo foi desenvolvido por pesquisadores da Universidade Estadual Paulista e publicado na revista Human Reproduction. O estudo apontou a proteína Eppin como peça-chave no desenvolvimento de um anticoncepcional masculino.

A descoberta foi feita a partir de estudos com camundongos. Esses experimentos mostraram que a proteína Eppin tem grande importância para a regulação do movimento dos espermatozoides, podendo ser a chave para o desenvolvimento de uma nova droga. O professor doutor Erick José Ramo da Silva esclareceu alguns dos detalhes da pesquisa, no que diz respeito à proteína principalmente:

Ela tem um papel muito importante no controle da motilidade temática por interagir com outras proteínas que agora estão no sêmen. E essas proteínas, ao interagirem com a Eppin, promovem o ajuste fino da motilidade, o controle da motilidade

Os pesquisadores descobriram qual o processo para que o espermatozoide começasse a “maratona” para alcançar o óvulo. A ejaculação é apenas o começo do processo, mas uma ativação das células é o que realmente faz com que os espermatozoides “nadem” em direção ao óvulo. A ideia é justamente a de desenvolver um medicamento que interfira nesse processo. O estudo vem sendo desenvolvido desde 2016, graças a financiamento da (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, e contou com importantes parcerias como Farmacologia e de Ciências Biológicas da Universidade Federal de São Paulo e o Instituto de Biologia e Medicina Experimental do Conselho Nacional de Pesquisas Científicas e Técnica, que é da Argentina.

 

Sobre o Autor

Roberta M.

Gosto de escrever sobre diversos assuntos, principalmente curiosidades e tecnologia. Contato: [email protected]