Não é segredo para ninguém que o câncer é uma das doenças mais desafiadoras para a medicina. Embora hoje já existam muitos avanços em relação ao tratamento, ainda há muito que avançar e milhares de pessoas morrem pela doença todos os anos. Não é à toa que um anúncio feito pela BioNTech tenha gerado tanta repercussão na mídia internacional, num misto de esperança e muitos questionamentos.
A BioNTech é uma empresa de biotecnologia, de origem alemã, que ficou muito conhecida mundo a fora durante o auge da pandemia da covid-19. Isso porque a empresa, assim como várias outras, se debruçou na criação de uma vacina contra o vírus – e obteve grande sucesso. A empresa se uniu à farmacêutica Pfizer e juntas desenvolveram a vacina de mRNA, que é apontada como uma das principais responsáveis pelo sucesso da imunização.
A tecnologia foi tão bem sucedida contra a covid, que a empresa alemã ganhou ainda mais certeza nos planos de usa-la contra o câncer. Em comunicado feita nesta semana, a empresa afirmou que planeja a entrega de vacinas contra o câncer e que esses imunizantes devem ficar prontos antes de 2030. Nem todo mundo sabe, mas a BioNTech foi fundada tendo o câncer como principal objetivo. A empresa mergulhou na corrida pela vacina durante a covid-19, mas desde sua fundação é focada em estudos de combate ao câncer.
O anúncio pode ter pego muita gente de surpresa pela ideia de que a empresa planeja entregar uma vacina, contra um dos maiores desafios da medicina, em apenas 8 anos. Acontece que não são 8 anos, mas 12 anos estudando formas de combater o câncer e, a tecnologia mRNA parece ser uma peça chave. Com a superação da covid, a empresa agora volta todas as suas atenções ao câncer novamente.
Em entrevista à CNN, o CEO da empresa, Uğur Şahin, falou sobre a previsão de entrega para até 2030. O que a empresa pretende é chegar a uma fórmula “personalizável” de vacina para que o imunizante seja eficaz contra diferentes tipos da doença, como o câncer de pele ou intestino, por exemplo. Ao mesmo tempo, a declaração otimista do CEO foi rebatida com um tom mais moderado da diretora e uma das fundadoras da empresa. “Como cientistas, sempre hesitamos em dizer que teremos uma cura para o câncer. Temos vários avanços e continuaremos trabalhando neles”, declarou Özlem Türeci.
O tom mais moderado de Türeci faz sentido, especialmente porque essa não é a primeira vez que cientistas tentam criar vacina contra o câncer. No passado, pesquisas promissoras chegaram a avançar mas acabaram frustradas nos testes clínicos. Nesse momento, a empresa já esta na fase dois dos testes contra o câncer de pele e aguarda os resultados para o fim deste ano. Além dela, outra empresa que ganhou notoriedade durante a covid-19 também esta com estudos avançados contra o câncer e se trata da Moderna.
A vacina por mRNA se difere das demais porque é focada em “ensinar” a imunidade natural do corpo a identificar a ameaça. Ou seja, o imunizante comunica ao sistema imunológico as características do invasor e o próprio corpo desenvolve uma defesa contra a ameaça. Neste caso, a vacina “ensinaria” ao sistema imunológico a identificar as células cancerígenas e o organismo seria responsável por reagir. Os pesquisadores estão em fase de testes contra o câncer de pele neste momento.