Crises de vomito podem ser muito dolorosas e assustadoras para quem esta vivendo o pesadelo. Embora o vômito, de forma geral, não seja algo tão incomum assim. Todo mundo já vomitou em algum momento da vida e esta sujeito a passar por isso de novo. Muitas coisas podem induzir a esse movimento do corpo, que geralmente esta em busca de eliminar algo que pareça ameaçador – mas que também pode ser uma reação a algum estimulo como odores fortes, dores de estômago, falta de ar, etc.
Em português, existem muitas expressões no vocabulário popular para se referir ao vômito. “Botar os bofes pra fora”, “botar as tripa pra fora”, “chamar o Raul”, dentre muitas outras frases servem para informar que o sujeito esta prestes a vomitar, ou já vomitou. O movimento do corpo para forçar a eliminação do conteúdo gástrico pode ser extremamente violenta, chegando a gerar dor abdominal, justamente porque depende da contração repentina dos músculos e uma série de outros fenômenos.
Talvez você já tenha ouvido de alguém mais velho que não deve “fazer vomito” depois de eliminar o conteúdo gástrico. É comum que as pessoas estimulem a “levantar a cabeça”, “respirar fundo” e outras técnicas, sempre com o intuito de encerrar as contrações e impedir que a pessoa volte a vomitar. Muita gente acredita que vomitar pode causar lesões internas e, bem, pode mesmo.
Um caso relatado na BMJ Case Reports, em agosto do ano passado, chamou a atenção justamente por isso. Um ultramaratonista deu entrada no hospital após sentir dores e vomitar durante uma prova. Depois da realização de exames, os médicos constataram que o atleta havia expelido uma parte de seu esôfago. O caso foi tratado como um dos “mais leves” do periódico, em uma lista divulgada posteriormente ao mês de publicação.
O homem, que não teve a identidade revelada, tem 37 anos e estava competindo na Western States 100. Em um dos pontos de ajuda aos competidores, ele deu entrada acompanhado de sua dupla na prova. Os dois se recuperaram e deixaram o local juntos, mas poucos minutos depois o parceiro dele voltou ao local para pedir ajuda. Alguns metros a frente, o homem ingeriu uma pílula anti-inflamatória não esteróide e seu corpo reagiu mal ao comprimido.
Imediatamente após ingerir o comprimido, ele sentiu náusea e vomitou, mas vomitou de forma muito violenta. Para se ter ideia, quando os paramédicos chegaram ao local, o homem recebeu tratamento de princípio de ataque cardíaco. O homem sentia muita dor no peito e chegou a achar que tinha quebrado uma costela. Na ambulância, ele foi levado as pressas para o hospital.
O caso, após horas de exames, foi diagnosticado como síndrome de Boerhaave. Este diagnóstico é muito raro e geralmente acontece em pessoas idosas, fumantes ou com alguma pré-disposição. Os médicos, mesmo depois de investigar o episódio, não puderam chegar a uma conclusão do porque aquilo teria acontecido – embora exista a suspeita de que a pílula tenha sido responsável por desencadear a reação.
O homem precisou ficar um mês internado e passou por cirurgia, mas eventualmente acabou alcançando uma recuperação completa. Mesmo depois do susto, ele voltou a competir.