A imagem de morcegos provavelmente te remete a alguma coisa, talvez o Drácula, ou talvez Bruce Wayne. O Batman foi inspirado em algumas características destes animais, como a própria história revela. Da mesma forma, a história centenária dos vampiros também teve sua inspiração nesses simpáticos animaizinhos. Os morcegos, assim como alguns outros animais, foram capazes de se adaptar a vida moderna do ser humano e, não raramente, é visto em cidades. No entanto, é nas áreas rurais e do interior que esses animais ainda estão em grande número.
Apesar da má fama desses bichinhos, a verdade é que a maioria dos morcegos é totalmente inofensiva ao ser humano. Em sua grande maioria, esses animais se alimentam de frutas e alguns animais menores, como sapinhos e peixes pequenos. Para o ser humano, portanto, o risco é totalmente 0 – embora morcegos possam ser bastante bagunceiros, podendo deixar qualquer varanda bem suja.
Mas como toda regra tem sua exceção, é verdade que alguns morcegos tem um certo apreço por sangue. Mais especificamente, os Desmodus rotundus, Diphylla ecaudata e Diaemus youngi, são os únicos que se alimentam de sangue. Isso não significa que eles estejam a espreita, esperando um deslize seu para voar no seu pescoço. Na verdade, esses animais costumam sair para caçar a noite e se alimentam, majoritariamente, do sangue de bovinos e suínos. Em geral, eles abocanham suas vítimas e sugam o sangue até se alimentar, voltando para a “toca” logo depois.
Essa é uma dieta que sempre intrigou os cientistas, afinal não se trata de uma alimentação lá tão variada assim. Com sangue, os morcegos são capazes de absorver ferro, alguns minerais e proteínas. Ainda que sejam animais pequenos, a ausência de carboidratos e calorias sempre foi algo que causou curiosidade na dieta desses morcegos.
Eis uma explicação
De alguma forma, esses morcegos conseguem sobreviver com essa alimentação. Talvez você não saiba, mas os morcegos que se alimentam de sangue (prática que recebe o nome de hematofagia, caso você esteja se perguntando) são naturais das Américas, do Sul e Central. Um grupo de pesquisadores dessa região, incluindo cientistas da Universidade Federal de Viçosa, do estado de Minas Gerais, decidiram se dedicar a entender o porque e como esse fenômeno funciona.
Uma das coisas que chama a atenção nesses animais é a capacidade de trabalho em equipe. Com a alimentação toda baseada em sangue, esses morcegos se cansam muito facilmente e não podem ficar longos períodos sem comer. Então, quando um membro do grupo tem problemas, ele pode receber ajuda de algum outro membro do grupo. Esses animais conseguem regurgitar o sangue que beberam, para dividir com um coleguinha.
Como tudo isso acontece, no fim das contas? Os pesquisadores compararam o DNA dessas três espécies com outras 26, que possuem uma dieta mais variada. O que essa comparação mostrou foi a ausência de 13 genomas nos morcegos hematófagos. A ausência desses 13 genes, segundo os pesquisadores, é um importante indicativo de que esses morcegos passaram por processo de mutação para se adaptar as condições do ambiente onde se instalaram. Isto é, para sobreviver, o organismo dessas espécies precisou aprender a funcionar apenas com sangue.