Você já ouviu falar num fenômeno chamado de branqueamento dos corais? Trata-se de um fenômeno natural que vem ocorrendo com cada vez mais frequência de uns anos para cá, sendo que é caracterizado por muitos como uma verdadeira “catástrofe ambiental silenciosa”. Quem conhece um pouco de biologia entende que, num ecossistema marinho saudável e equilibrado, os corais são uma peça-chave. O branqueamento dessas estruturas traz uma série de problemas para o equilíbrio ecológico do mar.
O que é o fenômeno?
Recentemente, um fenômeno estranho começou a acontecer em massa com um número muito alto de corais do mundo inteiro, com especial destaque para a Grande Barreira de Coral da Austrália, a maior estrutura de recifes de todo o planeta. Um estudo de 2017 afirma que mais de 90% dos recifes australianos foram afetados em alguma medida pelo problema do branqueamento. Mas o que é isso exatamente?
O branqueamento ocorre quando os corais são submetidos a algum tipo de estresse, como o aumento da temperatura das águas, que tem como resultado a expulsão, pelos corais, de algas submarinas que vivem em simbiose com eles. As algas em questão, conhecidas como zooxantelas, são as responsáveis por dar a cor aos corais, além de lhes servirem como principal fonte de alimento. Como resultado do aquecimento das águas, as algas buscam uma região mais fria e acabam deixando os corais subnutridos e mais suscetíveis a doenças, que podem levar à morte em massa dos recifes.
Para entender melhor esse fenômeno precisamos nos debruçar sobre um recente levantamento feito por um equipe de cientistas de todas as partes do mundo liderados pelo australiano Terry Hughes, da Universidade James Cook. Por meio de imagens aéreas de aviões e coleta de dados submarinos, foram analisados cerca de 1.156 recifes espalhados pela Grande Barreira, uma área de mais de 340 mil quilômetros quadrados, que seria equivalente a todo o estado do Mato Grosso do Sul espalhado por mais de 2.000 quilômetros de costa.
As conclusões retiradas do estudo são alarmantes, para dizer o mínimo: menos de 9% de todos os recifes avaliados não sofreram branqueamento nos anos de 2015 e 2016, quando a “pandemia” atingiu seu ápice. Esses recifes não afetados ficam no sul da Grande Barreira, onde grandes tufões contribuíram para a manutenção da temperatura da água do mar de Austrália, que sofreu um aumento de mais de 8 ºC em algumas localidades, por conta do aquecimento global.
Outro dado assustador é que o número de recifes afetados em mais de 60% de seus corais resultou pelo menos 4 vezes maior do que levantamentos prévios à pandemia. Essa síndrome foi descoberta em 1980. Posteriormente a isso, ocorreram 3 grandes episódios de branqueamento em massa: em 1998 (por influência do El Niño), em 2002 e, mais recentemente, nos anos de 2015 e 2016. A pandemia atual indica que, ainda que os corais não estejam em áreas com alta poluição ou atividades predatórias de pesca, os recifes são afetados da mesma forma, por conta do efeito difuso do aquecimento global.
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