A antimatéria da ficção científica é totalmente diferente da antimatéria da vida real da física de partículas. Uma equivale a potências espaciais ou bombas, enquanto a outra é apenas uma partícula que os físicos estudam, uma que passa a ser a imagem espelhada com a carga oposta das partículas mais familiares.
Geralmente, os cientistas produzem antimatéria no laboratório, onde ficam em um aparelho experimental, a fim de que possam ser estudadas posteriormente. Mas agora, pela primeira vez, os pesquisadores estão querendo transferir essa antimatéria de um laboratório para outro, utilizando um caminhão para fazer esse transporte.
Segundo Elizabeth Gibney informou: “em um projeto que começou no mês de janeiro de 2018, os pesquisadores irão transportar antimatéria usando um caminhão e depois usá-lo para estudar o comportamento estranho de núcleos radioativos raros. O trabalho tem como objetivo proporcionar uma melhor compreensão dos processos fundamentais dentro dos núcleos atômicos e ajudar os astrofísicos a aprenderem sobre o interior das estrelas de nêutrons, que contêm a forma mais densa da matéria no universo”.
Isso pode parecer loucura e extremamente perigoso, mas os pesquisadores garantem que não é. O CERN, em Genebra, na Suíça, tem uma instalação chamada Antiproton Decelerator, conhecido também como fábrica de antimatéria, que produz a contraprova de antimatéria para o próton. O CERN também possui um experimento de física nuclear, chamado ISOLDE, que é responsável por criar um feixe de núcleos atômicos radioativos, o centro crocante dos átomos. São os centros dos núcleos onde ficam concentrados mais nêutrons, a partícula subatômica neutra, que os prótons, a partícula subatômica positiva que determina a identidade de um átomo.
Existem ainda muitas informações sobre esses núcleos radioativos que os cientistas não sabem. Perguntas como: para onde todos os nêutrons extras vão? Eles foram uma espécie de cobertura de nêutrons ao redor da superfície ou eles vivem em um halo de nêutrons mais longe do resto das partículas?
É possível investigar todas as estruturas colidindo os núcleos com os antiprotons e registrando o que acontece. Mas as partículas radioativas são de curta duração, pois elas perdem nêutrons e prótons em pedaços, ou seus nêutrons custam elétrons e se transformam em prótons.
Segundo o Gizmodo Alexandre Obertelli, porta-voz do empreendimento chamado PUMA: Antiproton (P) – Annihilation da matéria instável da TU Darmstadt na Alemanha, “é preciso deixar os antiprotons sempre perto dos núcleos. Para onde um for, o outro terá que ir junto”.
Mas acontece que não são só alguns antiprotons que eles precisam levar junto. Os pesquisadores precisam criar uma nuvem com um bilhão de antiprotons que podem durar várias semanas ou mais, para depois armazená-las no vácuo e trazê-las na jornada do Antiproton Decelerator para o ISOLDE.
A maior preocupação do projeto é com a vida dos pesquisadores, justamente para que eles não fiquem expostos a qualquer radiação secundária potencial.
O artigo Nature diz que o sistema de contenção deve estar pronto até o ano de 2022 e, tudo saindo bem conforme o esperado, eles poderão realizar o transporte da antimatéria e muito mais.