Os irmãos dos astronautas Mark e Scott Kelly participaram do projeto de pesquisa exclusivo da NASA. Segundo esse estudo, o espaço pode alterar a forma como os genes são expressos no seu DNA.
O estudo inovador dos gêmeos da NASA revelou que a viagem espacial acabou acarretando num aumento na metilação do DNA, num processo pelo qual os genes são ativados e desativados. O projeto exclusivo da NASA viu o astronauta Scott Kelly passar um ano na Estação Espacial Internacional, enquanto o seu irmão gêmeo, Mark Kelly, outro astronauta da NASA, mas já aposentado, ficou na Terra para atuar como uma espécie de controle. Os resultados desse estudo servirão para abrir os caminhos para futuras missões para Marte, ajudando a todos entenderem como a viagem espacial de longa duração pode causar mudanças no corpo humano.
Desde que Scott Kelly voltou da sua estadia de 340 dias na ISS, os pesquisadores da NASA coletaram e fizeram análises das amostras dos dois irmãos, procurando a possibilidade de haver alguma correlação entre elas. “Algumas das coisas mais emocionantes que vimos ao analisar a expressão gênica no espaço é que realmente vemos uma explosão, como o desfoque de fogo-de-artifício, assim que o corpo entra no espaço”, afirmou o investigador principal do estudo dos gêmeos, Chris Mason.
Mark Kelly e Scott Kelly
Leia também:
Google Street View na Estação Espacial Internacional
Para que serve a estação espacial ISS?
“Com este estudo, vimos milhares e milhares de genes mudarem como eles estão ligados e desligados. Isso acontece assim que um astronauta entra no espaço e parte da atividade permanece temporariamente ao retornar à Terra”.
A permanência de Kelly na estação espacial também serviu para montar a base da “Missão do Ano”, em que ele e o cosmonauta russo Mikhail Kornienko, permaneceram na ISS por doze meses. A maioria dos astronautas permanece na ISS por um período máximo de seis meses.
No ano passado, foi observado que Scott Kelly ganhou dois centímetros de altura durante a sua estadia a bordo do laboratório em órbita, isso se deu graças ao ambiente de microgravidade. Os pesquisadores também ficarão atentos às mudanças na visão de Kelly, pois esse efeito é muito comum com aqueles que ficam em longas missões no espaço.
Um estudo recente revelou que o problema de visão em astronautas é reduzido ao líquido cefalorraquidiano (LCR), que costuma amortecer o cérebro e a medula espinhal, enquanto que o CSF é usado para se adaptar a diferentes posições do corpo, sendo confundido muitas vezes com a falta de mudanças de pressão relacionadas à postura causada por flutuação em zero gravidade.
A viagem á Marte levará cerca de 30 meses, e a intenção é compreender o que uma longa estadia no espaço poderia fazer para o corpo é vital para que os especialistas possam encontrar formas de prevenir ou lidar com as mudanças.
O estudo Twins está investigando os efeitos a curto e a longo prazo da microgavridade e da radiação espacial, juntamente com as ramificações mentais de serem encerrados em uma espaçonave por tanto tempo.
“Este estudo representa uma das visões mais abrangentes da biologia humana”, disse Mason. “Ele realmente define a base para a compreensão dos riscos moleculares para viagens espaciais, bem como formas de potencialmente proteger e corrigir essas mudanças genéticas”.
Os resultados completos do estudo dos gêmeos devem ser publicados ainda em 2018.