É muito provável que você conheça a expressão “guerra as drogas”. Esse conceito de segurança pública não foi inventado no Brasil, muito pelo contrário. Um dos países que mais coloca essa política em prática são os Estados Unidos. No entanto, da mesma forma que o país norte-americano baniu “drogas”, agora esta começando a reconhecer sua utilidade medicinal.
As “drogas” são uma realidade na vida de todo mundo. Toda vez em que você entra numa farmácia, ou numa drogaria, e sai de lá com um remédio, esta também comprando droga com intenção de consumo. A grande questão é que algumas são legalizadas, inclusive banalizadas, enquanto outras foram criminalizadas com o avançar do tempo.
É claro que as drogas estão associadas a um problema de ordem pública, mais especificamente, de ordem de segurança e saúde públicas. As drogas ilícitas fomentam um mercado paralelo, conhecido como “tráfico”, e leva milhares de pessoas ao abuso, dependência e morte por substâncias químicas.
De um lado, há quem defenda que a proibição seja a melhor opção, com discursos geralmente moralistas. Do outro, há quem acredite que a proibição não traga resultados efetivos. Fato é que há décadas o mundo, inclusive o Brasil, trava luta contra as drogas e não chega a lugar nenhum. O tráfico continua alimentado, os usuários continuam comprando e a polícia continua tentando encher balde com um garfo. Trata-se de uma equação que não parece dar resultados e, no mínimo, precisa ser revista pelas autoridades.
É exatamente isso que os Estados Unidos parece estar fazendo, em passos lentos e polêmicos. Ao longo dos últimos anos, pelo menos 6 estados dos Estados Unidos legalizaram o cultivo, venda, compra e consumo de maconha. A ideia era parar de tentar impedir as pessoas de consumirem (algo que não deu certo), para passar a lucrar impostos com o comércio da cannabis, além de poder controlar a qualidade do produto consumido.
Cada estado experimentou seus próprios resultados e precisaram lidar com as dificuldades dessa empreitada. No entanto, se destaca o fato de que um do maiores países do mundo parece ter se dado conta de que algo precisava mudar. Claro que a maconha é apenas uma das tantas drogas que a chamada “guerra as drogas” tenta tirar de circulação. Nos Estados Unidos, a saúde e segurança pública sofrem muito mais com drogas como cocaína, heroína, crack e alucinógenos, como ecstasy.
Sobre este último, os Estados Unidos também inovaram nos últimos anos. Em um caso raro, a FDA (a Anvisa do país) pediu que cientistas pesquisassem o uso de ecstasy para o tratamento de transtornos mentais, como transtornos de ansiedade, depressão e o estresse pós traumático (TEPT), uma verdadeira epidemia no país. O que os resultados tem mostrado é um sucesso enorme no uso da droga em tratamento terapêutico contra esses problemas. O uso assistido do ecstasy, nesses casos, permite uma neuroplasticidade e ajuda na superação de traumas.
A ideia não foi original – inclusive um dos estudos pioneiros sobre o uso de alucinógenos contra transtornos mentais é brasileiro. Por aqui, os cientistas investigam, já há alguns anos, as propriedades da ayahuasca no cérebro. No entanto, os Estados Unidos é o país mais próximo de legalizar e regularizar o uso de psicodélicos no tratamento destes transtornos, novamente sinalizando uma mudança de postura em relação a “guerra”. Se concretizado, esse pode ser um movimento histórico que, certamente, vai puxar outras nações a promoverem seus estudos.