Embora ninguém tenha exatamente um roteiro sobre como essas são, falar em “experiência de quase morte” evoca ideias muito comuns e compartilhadas. Corais de anjos, clarão, fim do túnel, a vida passando como um filme diante dos olhos… todas essas descrições costumam ser muito usadas por pessoas que relatam experiências de quase morte. Mas o que de fato é essa experiência? As pessoas realmente chegam perto de morrer e se lembram disso?
Na prática, a verdade é que ninguém sabe. Cientificamente, por outro lado, existem muitos esforços pela obtenção de respostas – o que não significa que elas existam. Talvez o único consenso possível nisso tudo é que ainda são necessárias novas pesquisas para um dia chegarmos a alguma resposta mais precisa. E é nesse ponto em que nos encontramos, já que um grupo de pesquisadores, de diversas áreas, decidiu se unir para pesquisar esse assunto.
Um novo artigo foi publicado na Annals of the New York Academy of Sciences, em nome de vários pesquisadores, e trazendo novas informações sobre esse assunto. Essa é a primeira pesquisa analisada por pares sobre o tema a ser publicada, trazendo informações que tentam nos tirar do escuro em relação a esse assunto. Mas no que se baseia o esforço para esse estudo? Se você tivesse que descrever o que separa a vida da morte? Existem muitas formas de responder essa pergunta e muitas pessoas poderiam ser bem criativas, mas por muito tempo tudo se resumiu a haver ou não respiração, haver ou não pulso.
As pessoas eram declaradas mortas no momento em que não respiravam mais e seus corações paravam de bater. Hoje em dia, a situação continua parecida, mas a tecnologia avançou e nos trouxe muito mais meios de salvar uma pessoa. Isso significa que uma pessoa pode chegar muito perto de morrer definitivamente, mas ser ressuscitada no último instante. E é nesse momento em que geralmente as pessoas relatam experiências de quase morte.
“O advento da ressuscitação cardiopulmonar (RCP) nos mostrou que a morte não é um estado absoluto, mas sim um processo que pode ser revertido em algumas pessoas mesmo depois de iniciado“, declarou Sam Parnia, diretor de Cuidados Intensivos e Pesquisa de Ressuscitação da NYU Grossman School of Medicine, e principal autor do artigo em questão. No comunicado, Parnia falava sobre as diferenças entre parada e ataque cardíacos. Então em que ponto a ciência se encontra? O novo artigo sugere que a ciência ainda não foi capaz de compreender totalmente os relatos, mas definitivamente não é capaz de refuta-los.
Se sobressai o fato de que os relatos são sempre muito parecidos, sempre giram em torno de um mesmo tema, mesmo quando narrados por pessoas vindas de culturas e tempos diferentes. Os relatos começam com uma sensação de “separação do corpo”, seguida geralmente por um estágio de consciência superior no qual você reconhece a morte; em alguns casos, é narrada uma viagem para algum lugar e logo o retorno para “casa”, seguido pela volta a consciência, à vida. Esses relatos sempre foram encarados como meras formas de alucinação, mas talvez não seja tão simples assim.