Ciências

Fetos expostos a álcool sofrem anomalias na estrutura cerebral

A medicina moderna já sabia que o consumo de álcool durante a gestação era prejudicial à formação dos bebês. Não à toa, durante toda a gestação, são recomendadas uma série de cuidados para a futura mamãe. No Brasil, por exemplo, o pré-natal é um acompanhamento que inclui uma série de exames de monitoramento. É tão importante garantir a saúde do feto, ainda na útero, que este é um procedimento garantido por lei e ofertado no SUS.

No entanto, as informações até aqui foram limitadas a observação e análise dos cérebros dos bebês nascidos. Isto é, existem muitos estudos feitos com crianças e bebês que nasceram em gestações não assistidas. O consumo de álcool, por exemplo, não é tão incomum durante a gestação – embora seja totalmente prejudicial. Ainda assim, muitas mulheres lidam com problemas de adição e também existem aquelas que descobrem a gestação em estágio avançado. Em muitos casos, essas mulheres acabam admitindo não ter tomados certos cuidados porque não faziam ideia de que estavam grávidas.

Bom, se nós já sabíamos de tudo isso.. Então, qual a novidade? Acontece que, pela primeira vez, os pesquisadores conseguiram monitorar o desenvolvimento cerebral de cérebros ainda em fetos, dentro do útero. O avanço da tecnologia permitiu que os cientistas capturassem imagens de dentro do útero de voluntárias. Os resultados, que são impressionante, revelaram que a exposição do feto ao álcool leva a mudanças estruturais significativas nas principais regiões do cérebro, incluindo o hipocampo e a matriz germinativa, que é onde as células cerebrais são geradas durante o crescimento fetal inicial, durante as semanas mais sensíveis.

O hipocampo é uma das áreas mais sensíveis do cérebro humano, sendo responsável por uma série de habilidades sociais e motoras, bem como emocionais. Estudos anteriores já haviam apontado que crianças com transtorno alcoólico fetal, por exemplo, nascem com o hipocampo enlanguescido. O resultado disso são problemas comportamentais e limitações cognitivas.

No entanto, até agora, os cientistas nunca haviam identificado o início dessas anormalidades estruturais, pois o desenvolvimento inicial do cérebro de fetos expostos ao álcool não tinha sido observado. Para lançar alguma luz sobre o assunto, uma equipe de pesquisadores da Universidade Médica de Viena usou imagem de ressonância magnética funcional (fMRI) para escanear o cérebro de 27 fetos com idades entre 20 e 37 semanas que foram expostos ao álcool, além de 36 outros que não tinha sido exposto ao álcool.

O resultado da pesquisa foi apresentado à Sociedade Radiológica da América do Norte, trazendo esclarecimentos sobre como foi conduzida a pesquisa, seus métodos e também como foram obtidas as conclusões. Segundo os resultados, duas áreas principais aparecem aumentadas: o hipocampo e também o campo caloso, o responsável por conectar as duas áreas do cérebro.

A alteração do corpo caloso pode explicar por que os distúrbios do espectro do álcool fetal estão associados a anormalidades estruturais em ambos os hemisférios – embora os pesquisadores tenham ficado intrigados ao descobrir um aumento desta estrutura cerebral nos fetos, já que bebês com esses distúrbios geralmente apresentam uma redução na espessura do corpo caloso.

 

 

Sobre o Autor

Roberta M.

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