Uma equipe de neurologistas descobriu um sintoma neurológico que faz com que as pessoas desenvolvam um vício de contar piadas. Em um novo artigo, os neurologistas Elias D. Granadillo e Mario F. Mendez descreveram os casos de dois pacientes com distúrbios cerebrais que apresentavam um sintoma incomum: eles ficavam o tempo todo fazendo piadas.
O primeiro paciente, um homem de 69 anos, apresentou em sua avaliação neuropsiquiátrica um comportamento estranho. Ele passou cinco anos contando piadas de forma compulsiva. O paciente relatou se sentir constantemente alegre, com uma necessidade compulsiva de fazer piadas e adotar abordagens com humor.
O paciente costumava acordar no meio da noite, explodindo em gargalhadas, apenas para contar as piadas que havia inventado para sua mulher. A pedido de sua esposa, ele começou a escrever essas piadas como uma maneira de evitar acordá-la no meio da madrugada.
Ao todo, o homem escreveu cerca de 50 páginas com piadas inéditas. O documento foi apresentado aos médicos. Entre as piadas, estava a seguinte: “O que o proctologista disse ao terapeuta? Resposta: Durante todo o dia eu lido com bundões”.
A compulsão cômica do homem foi atribuída a um acidente vascular cerebral, que danificou parte do cérebro no lado esquerdo, embora uma lesão anterior no córtex frontal direito, causada por uma hemorragia, possa ter contribuído para o distúrbio.
Os médicos Granadillo e Mendez disseram que uma série de medicamentos, incluindo antidepressivos, teve pouco impacto no tratamento da compulsão por piadas.
Já o segundo paciente, que era um homem de 57 anos, também havia se tornado um piadista excessivo e inapropriado. Ele acabou perdendo o emprego depois de fazer um comentário inadequado no ambiente de trabalho. O paciente contava piadas constantemente e não conseguia parar de rir delas. No entanto, ele não achava graça nas piadas de outras pessoas.
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Com o passar do tempo, o vício em piadas se desenvolveu para sintomas de Parkinson. O homem acabou morrendo em decorrência da doença. Segundo os pesquisadores, ele tinha uma rara condição de demência, com uma neurodegeneração generalizada e atrofia frontotemporal grave nos lobos frontais e moderada nos lobos temporais, afetando mais o lado direito do cérebro do que o esquerdo.
Os autores concluíram que esses dois pacientes tinham Witzelsucht, um termo alemão que significa literalmente “vício em piada”. Vários casos foram relatados na literatura neurológica, frequentemente associados a danos no hemisfério direito do cérebro. Estes pacientes, além do vício em piadas, também desenvolviam um riso patológico, ou seja, eles começavam a rir e não conseguiam mais parar.
Fonte: Discover Magazine
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