Ciências

Um novo coronavírus (que não é o 19) pode ser transmitido de cães para humanos

Já faz mais de um ano, mas talvez você se lembre de como foi o começo da pandemia. As informações eram bastante desencontradas, muito pela ação de muitas pessoas mal-intencionadas, mas também pela legítima falta de informações.

Fato é que a covid-19 surgiu “do nada” e, com isso, também gerou desafios em tempo real. Os cientistas começaram a se debruçar ao assunto, tentando descobrir novos fatos, e a verdade é que ainda existem coisas sendo descobertas agora, a poucas semanas de se completarem dois anos do surgimento da doença.

Todos sabemos que o vírus surgiu em Wuhan, na China, que evoluiu em animais mamíferos antes de chegar a infectar humanos. Mas uma das coisas que ficou clara desde o começo é: o NOVO coronavírus, a Sars-Cov-19, é apenas mais um de uma família de vírus.

Talvez você se lembre, por exemplo, de quando começou a viralizar uma tese negacionista, que usava o rótulo de vacinas veterinárias para afirmar que a covid-19 era uma “criação da mídia”, e outras teorias bizarras.

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Na verdade, o que os rótulos dessas vacinas veterinárias provam é justamente aquilo que a ciência afirma: o coronavírus é uma família de vírus que abriga uma série deles. O “novo coronavírus”, descoberto em Wuhan, possui similaridades com os outros já descobertos, mas é único da sua forma e, por isso, impõe tantos desafios – ao ponto de gerar uma pandemia.

Lá atrás, há mais de um ano atrás, os cientistas chegaram a alertar sobre a necessidade de estar pronto para novos surtos e que o “coronavírus 19” não seria o último a ser descoberto. Bom, parece ter chegado a hora.

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Em 2017-18 Sarawak, na Malásia, sofreu um surto de pneumonia, cuja causa não foi identificada na época. Os esfregaços nasais foram retirados de crianças hospitalizadas devido à doença, mas foram testados apenas para os suspeitos usuais que não incluíam coronavírus conhecidos apenas em animais. No ano passado, os swabs foram retestados por cientistas da Universidade de Duke, que identificaram a presença de um coronavírus desconhecido.

Isso só foi possível porque cientistas foram capazes de desenvolver testes que apontam a presença de traços do coronavírus em todas as suas apresentações, ou seja, não só a sars-cov-19.

A mesma equipe, da Universidade de Duke, já sequenciou o vírus encontrado em um paciente e publicou suas descobertas na Clinical Infectious Diseases. Os autores não podem provar definitivamente que o vírus em questão foi a razão de as crianças adoecerem, e ainda não o desenvolveram em células humanas, mas esta é certamente uma explicação lógica.

A análise do vírus mostra uma forte semelhança familiar com dois vírus conhecidos por infectar cães, um encontrado em gatos e o que parece ser elementos de um vírus suíno. Acredita-se que a combinação tenha surgido por meio da reorganização repetida dos genes de diferentes vírus que infectaram o mesmo animal ao mesmo tempo.

No caso da Malásia, foi observado que os pacientes afetados eram crianças e todas se recuperaram dentro de uma semana, sem maiores complicações. Outro ponto interessante, em relação ao vírus encontrado na Malásia, é que ele não era transmissível de pessoa para pessoa, apenas no contato com animais.

 

 

Sobre o Autor

Roberta M.

Gosto de escrever sobre diversos assuntos, principalmente curiosidades e tecnologia. Contato: [email protected]