Eu sei, eu sei… A essa altura do campeonato, parece que ninguém mais aguenta qualquer notícia a mais sobre a covid-19. O vírus, que já chegou a ser um mistério completo, agora parece fazer parte do nosso cotidiano. O sentimento é muito complicado e envolve uma contradição de pensamentos e atitudes: a covid-19 ainda causa centenas de milhares de mortes pelo mundo, mas ao mesmo tempo já existem vacinas e quase uma naturalização do estado das coisas.
A covid-19 ainda é assustadora, mas não mais como já foi um dia. No entanto, se a sociedade, de forma geral, já esta cansada de falar e ouvir sobre covid; na comunidade científica, não funciona exatamente assim. Para os cientistas, a covid-19 ainda é um mistério e um desafio. Para nós, a verdade é que o interesse científico sobre o vírus é muito positivo, afinal de contas a covid-19 ainda não esta inteiramente sob controle.
Então chegamos no que interessa: a ciência continua estudando o vírus e fazendo descobertas. Uma dessas descobertas foi publicada na revista Nature Communications. O artigo, por sua vez, traz algumas informações que podem ser chocantes para algumas pessoas. Para começar, o método adotado pelos pesquisadores é bastante controverso, embora compreensível. A pesquisa foi comandada por pesquisadores de Reino Unido e Alemanha e foi desenvolvida a partir de uma Sars-Cov-19 sintética.
Antes de se pegar julgando a ideia, pense seguinte: a ciência, frequentemente, precisa ir em direções completamente polêmicas e pouco racionais. Por exemplo, para entender a covid-19, e até mesmo testar as vacinas, foi preciso contaminar pessoas, em alguns casos, intencionalmente. Por outro lado, para estudar as mutações do vírus, muitas vezes é necessário induzir sua evolução em laboratório para entender quais são os caminhos escolhidos por ele. Então, não chega a assustar que alguns pesquisadores tenham criado uma sars-cov-19 em laboratório.
O que os pesquisadores descobriram? Que a covid-19, em palavras pouquíssimo científicas, brinca de “esconde-esconde” no organismo afetado. Isto é: o vírus infecta o paciente, provoca inflamações e depois se camufla, tornando-se invisível ao sistema imunológico. Dessa forma, o sistema imunológico acaba sendo totalmente ineficaz, porque é incapaz de identificar e, pior, localizar o vírus.
"Peek-a-boo" is a pretty accurate description of this immunevasive #SARSCoV2 mechanism. But unfortunately not scientific enough for our paper 😅 https://t.co/fJMWOWpjbI
— Oskar Staufer (@OStaufer) February 24, 2022
A pesquisa é pioneira na área porque usa a chamada biologia sintética, uma vez que o vírus foi criado e desmembrado em laboratório. Quanto as descobertas, apesar de serem realmente impressionantes, ainda precisam de muito mais estudos. O potencial dessas descobertas é ainda desconhecido, já que as possibilidades são incontáveis. O uso da biologia sintética para a compreensão do vírus é um marco histórico e pode ainda trazer novas informações, e métodos, de combate ao vírus.
A covid-19 vive um momento de contenção, embora ainda tenha números assustadores. A presença das vacinas tem sido fundamental para que a situação seja controlada, mas a ciência ainda se debruça sobre o tema para que novas situações como a ruptura da sars-cov, num futuro não tão distante, não sejam uma condenação de pandemia para o globo. Como defendem especialistas, ainda existe muito a se aprender com os erros cometidos dessa vez.